RESENHA: GAROTA EXEMPLAR

Garota Exemplar
(Gone Girl)
Gillian Flynn
Editora Intrínseca
448 páginas
2013
✚✚✚✚✚
Sinopse: Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública – e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy –, Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?
Garota Exemplar é o terceiro livro publicado por Gillian Flynn. O livro trata, basicamente, do sumiço de Amy Elliot Dunne, filha do famoso casal de autores da grande série de livros infantis Amy Exemplar. Quando Amy some no dia no quinto aniversário de casamento, Nick Dunne, seu marido, torna-se o principal suspeito pelo seu desaparecimento (ou assassinato?).

Através de capítulos alternados entre Nick (que narra o presente) e Amy (que narra o passado através de notas de seu diário), o livro se desenvolve nos dando pistas (algumas verdadeiras e outras falsas) para compreender o cenário em que se deu o sumiço de Amy e o que realmente aconteceu na manhã de 4 de julho de 2012. O artifício usado pela autora para narrar a história foi esperta e bem executada, uma vez que somos totalmente influenciados pelos pensamentos dos personagens e vez ou outra acabamos por tomar o lado de um como verdadeiro ou de outro. Dessa forma, as (muitas!) reviravoltas presentes no livro nos deixam mais surpresos do que talvez esperássemos.

— As pessoas querem acreditar que conhecem as outras. Pais querem acreditar que conhecem seus filhos. Esposas querem acreditar que conhecem os maridos. (pág. 106)
Como não poderia ser diferente em um livro de suspense, e também pelas reviravoltas presentes no livro, o final é no mínimo surpreendente e inesperável. A não ser que você tenha recebido spoiler ou possa de alguma forma entrar na cabeça da autora, você provavelmente nunca teria pensado em um fim como aquele. 

Apesar de monótono nas primeiras 150 páginas, o livro parece "tomar rumo" e a leitura se torna mais fluida, nos aprofundando mais nos personagens principais e nos apresentando novos personagens secundários incríveis e únicos. Margo Dunne, a irmã gêmea de Nick, por exemplo, talvez seja a melhor personagem no livro - desbancando, na minha opinião, até Amy (que, sem dúvida, é uma personagem interessantíssima).

Por saber conduzir bem a história (apesar de um começo lento) e ter se arriscado positivamente em um final um tanto impensável, mas completamente compreensível e condizente com o que nos é apresentado durante todo o livro, Gillian Flynn e Garota Exemplar ganham nota 5 e uma grande recomendação para aqueles que não dispensam um bom suspense.

RESENHA: O BICHO-DA-SEDA

O Bicho-da-Seda
(The Silkworm)
Robert Galbraith
Editora Rocco
464 páginas
2014
✚✚✚✚✚
Sinopse: O detetive Cormoran Strike, protagonista de O chamado do Cuco, está de volta, ao lado de sua fiel assistente Robin Ellacott, no segundo livro de Robert Galbraith, pseudônimo de J.K. Rowling. Dessa vez, o veterano de guerra terá que solucionar o brutal assassinato de um escritor.

Após solucionar o grande caso Lula Landry, em O chamado do Cuco, Cormoran Strike está financeiramente bem, já que a popularidade que ganhou com o caso fez a procura pelo detetive particular aumentar, e, sendo assim, Robin Ellacott continua a ser sua assistente.

No começo da história, Leonora Quine procura Strike para contratá-lo com o intuito encontrar o seu marido, o escritor Owen Quine, que está desaparecido há alguns dias. A trama se desenvolve com Strike entrevistando as pessoas próximas a ele e que poderiam ter alguma pista de onde o escritor poderia estar. No entanto, quando Owen é finalmente encontrado, os pensamentos de Strike se tornam realidade: na verdade, Owen Quine havia sido assassinado.

Nesse incrível e indescritível segundo volume da série de Cormoran Strike, Robert Galbraith foge novamente um pouco das tramas usuais de romances policiais e um dos principais diferenciais é o desenvolvimento das personagens ao logo da trama (e dos livros). Sendo assim, em O Bicho-da-Seda continuamos a acompanhar a vida pessoal do protagonista e de sua assistente com mais destaque, vivenciando os problemas enfrentados por ambos. Temos principalmente Robin Ellacott, a assistente que, se no primeiro volume já foi uma das melhores personagens, aqui não é diferente - ela aparece com muito mais destaque e tem um papel fundamental no final. Além dos protagonistas, temos também personagens marcantes e com personalidades fortes, o que pode ser raro em livros policiais em que o objetivo seja apenas o "por quê" do acontecimento. Assim, personagens como Leonora e Orlando Quine tornam-se marcantes e impossíveis de serem esquecidas graças à escrita maravilhosa construção de Robert Galbraith.

Quando comparado ao primeiro volume da série, o Bicho-da-Seda sai por cima: tem a trama mais elaborada e a lista de suspeitos do crime é imensa, já que Quine escreveu um livro, intitulado Bombyx Mori (nome científico do bicho-da-seda, e aí o por quê do título), em que critica e expõe os segredos mais ocultos de várias pessoas. Além disso, as reviravoltas a cada página são ainda mais interessantes, e vão contribuir para que você seja surpreendido com o final da história. No mesmo momento em que você sabe exatamente o que aconteceu, tudo se torna exatamente o contrário.
Sempre ficam pontas soltas na vida real. (pág. 385)
Assim como em O chamado do Cuco, o autor também faz críticas à um tipo de comunidade da atualidade. Enquanto no primeiro vemos o mundo das celebridades e dos paparazzi, aqui somos convidados a conhecer o que há de pior no mundo editorial: agentes literários, editores e escritores rivais. E é no meio disso tudo que um terrível assassinato é cometido, descrito de uma maneira única e que pensei que nunca fosse ler de J.K. Rowling, mesmo depois do balde de água fria que foi Morte Súbita. A cena do crime é descrita nos mínimos detalhes e talvez seja a mais repugnante que já li.

O Bicho-da-Seda recebe 5 "mais" e prova que J.K. Rowling mais uma vez se consagra como uma escritora única e ao mesmo tempo versátil, que tem uma escrita fluida capaz de passar por diferentes gêneros (fantasia, policial, novela) sem decepcionar, e que não te deixar largar o livro antes de terminar a leitura.

RESENHA: OS ELEFANTES NÃO ESQUECEM

Os Elefantes Não Esquecem
(Elephants Can Remember)
Agatha Christie
Editora Nova Fronteira
168 páginas
2014
✚✚✚✚✚
Sinopse: Perguntada a respeito da intrigante morte dos pais de sua afilhada, ocorrida há catorze anos, a escritora Ariadne Oliver não vê outra alternativa senão pedir ajuda a seu velho amigo, o detetive Hercule Poirot. Afinal, o que exatamente aconteceu no penhasco onde o casal foi encontrado? Será que um atirou no outro e, em seguida, tirou a própria vida? Ou teria sido um pacto suicida? É chegado o momento de desenterrar velhas lembranças e tentar dar algum sentido a essa surpreendente história.

Quando se fala em romances policiais é difícil não vir à mente o nome de Agatha Christie, autora que publicou 80 livros policiais em vida, assim como novelas e obras de teatro. Os Elefantes Não Esquecem foi um dos últimos livros escrito por Agatha, e talvez isso tenha prejudicado a obra quando avaliada em um quesito geral. Assim como a maioria dos livros policiais, o livro gira em torno de um assassinato (duplo) que não houve solução, deixando a dúvida se o marido matou a mulher e depois cometeu suicídio ou vice-versa.

Apesar de um trama aparentemente mais corrida (o livro possui apenas 168 páginas), menos complexa e com menos personagens do que as demais escritas pela autora, o romance não perde sua credibilidade quanto à resolução do mistério, que não deixa pontas soltas e tem um final satisfatório. No entanto, quando comparado a outros livros do gênero e de Agatha, este talvez seja razoável, seguindo a já conhecida fórmula contida em livros policiais.

— As pessoas gostam de falar do passado — disse a Sra. Oliver. — Acham mais fácil falar do passado do que do presente. (pág. 85)

O livro é desaconselhável para pessoas que nunca leram Agatha Christie, já que trama corrida, não muito envolvente e previsível podem desmerecer o título conquistado de Rainha do Crime. Por outro lado, se você procura um livro policial em que espera ler as dicas deixadas pelas páginas e acertar (pelo menos uma vez) o que realmente aconteceu, este é o livro ideal. Os Elefantes Não Esquecem não é nenhum "E Não Sobrou Nenhum", mas também está longe de ser um livro ruim.

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